que estou ferida de amor..."
Cântico dos Cânticos
Tratem-me com a massa
de que são feitos os óleos
p'ra que descanse, oh mães
Tragam as vossas mãos, oh mães,
untadas de esquecimento
E deixem que elas deslizem
pelo corpo, devagar
Dói muito, oh mães
É de mim que vem o grito.
Aspirei o cheiro da canela
e não morri, oh mães.
Escorreu-me pelos lábios o sangue do mirangolo
e não morri, oh mães.
De lábios gretados não morri
Encostei à casca rugosa do baobabe
a fina pele do meu peito
dessas feridas fundas não morri, oh mães.
Venham, oh mães, amparar-me nesta hora
Morro porque estou ferida de amor.
Ana Paula Tavares (poetisa angolana)