18.12.09

O negro pão do exílio




Mas com quê? De que maneira
Se haviam de sustentar
Naquela terra estrangeira?...

A Virgem tinha na mão
(E foi só esse o jantar...)
Um resto de duro pão!

Pão tão rijo, pão tão duro
Como um duro fariseu,
E tão negro, tão escuro

Como carvão, como breu...
Mas choraram ao comê-lo,
Logo o pão amoleceu...

Acordou aquela hora
O Menino; - e só de vê-lo,
Ri São José, já não chora;

Nem a Virgem, com receio
De que o seu pranto divino
Lhe seque o leite do seio

- E tenha fome o Menino...

Augusto Gil