21.12.09

Soneto de Natal




Um homem, - era aquela noite amiga,
Noite Cristã, berço do Nazareno -
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite Cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
Mudaria o Natal ou mudei eu?


Machado de Assis (poeta brasileiro)