Um dia, sei-o bem;
os campos ficarão eternamente floridos;
e a chaga que me inquieta,
deixara de sangrar em todos os peitos.
Os homens já não estarão curvados sobre si mesmo.
E o empregado de mesa não servira mais com
o seu ar de humildade.
A mulher dos mangos, o rapazinho do jornal,
o estudante pobre com medo de dizer:
» EU QUERO »,
Os homens estivas,
os vendedores de vinho de palma,
a linda mãe solteira,
todos deixarão de sorrir com humildade!
Humildade ficara para sempre nos dicionários
como um esqueleto num Museu Arqueológico!
Eu próprio nunca farei baixar as pálpebras,
e deixarei que o sol me inunde bem os olhos.
Um dia. Ah! como sinto!...
Uma onda amor invadira tudo e todos!
E será uma época diferente e todas as épocas,
porque ainda não foram inventadas palavras para dizê-las!
Simplesmente,
neste primeiro dia da nossa criação, já eu terei partido
a minha carne estará bem funda demais
para sentir o beliscão dessa alegria.
E os olhos cheios de saudades sem fim.
Armando Salvaterra
Guiné
Guiné