3.12.09

Natal



Com a esquadria da palavra, assento
o fogo e a lareira.
Depois reuno-vos à volta. Perto,
sobre a alvura da mesa,
escorrem do pão o pensamento
e uma luz espessa
que nos alargam as margens do silêncio,
para nos vermos com essa
alegria que nos torna atentos
até à vibração mais funda da tristeza.
Então, há uns lugares que a si mesmos
se abrem. Neles se sentam
os mortos que nos amam. E só os vemos
por estar à lareira,
que nos alarga as margens do silêncio
e prolonga confins à inteligência.
Por isso vos reuno. Vos escrevo
o fogo que aproxima a transparência.


Fernando Echevarria (poeta timorense)