a sede sublimou-se nas cataratas de vento
quem pagará a carne que Botero
roubou a Egon Shiele
toca-me
e verás a argila moldar-se pelas mãos de barro cozido
um braço é um músculo e osso
e é tenaz de ferro fundido
quando é preciso
segura os pulsos por onde as
mãos
escorrem e ficam penduradas
como gotas
às vezes nos bolsos às vezes mas caras
a moldar as expressões dos passos que se afastam
não é fácil desenhar um sorriso
quando na garganta se sublimou a sede e os
olhos são de vidro soprados e
seco ao sol
as imagens reflectem-se e não se demoram
os passos levam os rostos em volta
a sede sublimada
e nos desenhos de Egon Shiele
a fome de mais tinta e de mais cor
Tiago Araújo