Escreve agora a música
que os muros trauteiam
como eu dilapidei o meu tesouro.
Desenha agora a árvore
que rebentou por dentro.
Mostra agora o coração
com uma flecha no centro.
Vivi de brilho
e cuspi ouro pela boca.
Se ninguém me quis prender
foi porque não dei caça
não dei luta
nem falei em razão de força maior
nem sequer do futuro que me escuta.
Este livro custa a abrir
e aquela porta a fechar.
Desata agora a chorar
mesmo sem querer
mesmo sem sentir.
Chora por tudo
o que não está para vir.
Regina Guimarães