Dos voos de Marcelo, o transformista,
em doméstico dom repousa a asa:
farto de andar ao trapo e ser fadista
torna-se modular dona de casa.
Na modéstia exemplar dessa roupeta
− Ó eleitoral, virtuosa esfalfadeira
de ser dono da casa lisboeta! −
vai Marcelo às mercas na Ribeira,
enche a dispensa, lava a roupa é cozinheiro,
cose a meia, faz tricot, varre a casinha!
Por fim, põe-se à janela e diz faceiro:
Quem quer, quem quer casar com a carochinha?
Natália Correia