24.1.08

Mãe negra



A mãe negra embala o filho.


Canta a remota canção
Que seus avós já cantavam
Em noites sem madrugada.

Canta, canta para o céu
Tão estrelado e festivo.


É para o céu que ela canta,
Que o céu
Às vezes também é negro.


No céu
Tão estrelado e festivo
Não há branco, não há preto,
Não há vermelho e amarelo.
- Todos são anjos e santos
Guardados por mãos divinas.


A mãe negra não tem casa
Nem carinhos de ninguém...

A mãe negra é triste, triste,
E tem um filho nos braços...

Mas olha o céu estrelado
E de repente sorri.
Parece-lhe que cada estrela
É uma mão acenando
Com simpatia e saudade...



Aguinaldo Fonseca (poeta caboverdiano)