31.1.08

Eu e Tu


Dois! Eu e Tu, num ser indispensável!
Como
Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,
Aspiram a formar um todo, – em cada assomo

A nossa aspiração mais violenta se ateia...

Como a onda e o vento, a Lua e a noite, o orvalho e a selva

– O vento erguendo a vaga, o luar doirando a noite,
Ou o orvalho inundando as verduras da relva –
Cheio de ti, meu ser de eflúvios impregnou-te!


Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,

O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,

– Nós dois, de amor enchendo a noite do degredo,


Como partes dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,

Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,

Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama...


António Feijó