24.1.08


Datas



Há datas que não são um número, um mês e um ano.
Há datas que vivem dentro de nós
Vivem com a nossa intimidade, o nosso calor.
São como a linfa do nosso sangue.
(A minha infância, o despertar!)

Há datas que falam como se tivessem boca
e deixam um traço cá dentro, na alma,
como uma cicatriz num rosto.

(A tristeza e a dor dos horrores da guerra!)

Um dia de chuva toda a gente esquece.
Mas um dia de cheia vive no coração dos pobres
como a melancolia das árvores desfolhadas no coração do poeta
Como um grito sem destino que furasse o céu
Viveria no coração dos homens!

Um dia de Paz parece um dia vulgar
Mas é como um canto de glória na voz da Primavera
Um dia de Paz não é nunca um dia vulgar!


Vasco Cabral (poeta guineense)