Trago os olhos naufragados
em poentes cor de sangue...
numa palma bela e dura
e nos lábios a secura
dos anseios retalhados...
cobras mansas que não mordem
tecem serenos abraços...
E nas mãos, presas com fitas
azagaias de brinquedo
vão-se fazendo em pedaços...
estes poentes de sangue...
este desejo de vida!...
e nem eu sei...
diz a lei
tatuada no meu corpo...
e os braços se risquem cruzes,
quando nos olhos parados
que trazem naufragados
se entornarem novas luzes...
Ah! Quem souber,
há-de ver
que eu trago a lei
no meu corpo...
Alda Lara (poetisa angolana)