Suspiros, cuidados
Paixões de querer.
Se tomam dobrados
Meu bem, sem vos ver.
Garcia de Resende
Se tomam dobrados
Meu bem, sem vos ver.
Garcia de Resende
Versos meus, alado bando
De trigueiras andorinhas,
Ide onde ela, de meu mando,
A dizer-lhe como eu ando,
A dar-lhe visitas minhas...
Oh minha aérea embaixada
Adeus, adeus, parti breve
Não dilateis a jornada.
Seja a hora da chegada
Antes do tempo da neve...
Lá tereis, à sua beira,
Luz e sol como em Agosto.
O seu olhar é fogueira
Que até a torna trigueira
E queima-lhe a pel' do rosto...
Quando a sede vos tomar,
Dizei-lhe da minha mágoa,
Contai-lhe do meu penar,
Que ela então põe-se a chorar
E bebereis essa água...
Os beijos que ela vos der
Servir-vos-ão de sustento.
Que inveja me fazeis ter...
Ai quem pudera viver
Viver do mesmo alimento!
Já bailam ao vento norte
As folhas pelos caminhos.
O frio dá-vos a morte...
Erguei–vos num voo forte,
Guie-vos Deus, passarinhos!...
Augusto Gil