O muito amar por teus olhos quebrados
De sofrer; esta cruel adoração
Por ti, que me trespassa o coração
Nas ruas da saudade e dos cuidados;
Estes males da ausência inconsolados
Deram-me a crença da superstição:
E sigo a incerta fé do povo são,
Tendo cartas e sonhos enublados...
E lhes pergunto, às vezes, se és feliz...
Se ainda te animam esperanças calmas...
E me sorrio sempre que sorris.
Porque amarrados ambos numa cruz,
Embora separados, nossas almas
Formam uma só vida, uma só luz.
Eugénio Tavares (poeta caboverdiano)