Nosso grito é o silêncio
Na passagem do tempo
E o tempo é o sangue
No silêncio do mundo!
- Ouvi, mundos!
Ouvi , gentes da política!
Invadistes a nossa Pátria com o Suharto,
Isolastes Timor-Leste na guerra fria
e torturasses-nos com a indiferença
e matastes-nos com a cumplicidade.
- Ouvi, ouvi as vossas culpas!
Desengajastes a nossa causa com Jacarta,
Minimizastes o nosso direito na ONU
e prendestes-nos com iénes
e massacrastes-nos com dólares.
Nosso tempo é o silêncio
Nas mudanças do mundo
e o sangue é o preço
nos mundos do silêncio!
- Ouvi, mundos!
Ouvi, gentes do poder!
Abençoastes a mortandade com Catedrais,
Enterrastes a tragédia nos investimentos
e desafiastes a nossa consciência
e reprimistes os nossos anseios.
- Ouvi, ouvi as vossas culpas!
Atraiçoastes os vossos próprios princípios,
Manipulastes as vossas próprias normas
e encarcerastes-nos na realpolitik
e matastes-nos como os direitos humanos.
... Somos POVO SEM VOZ
alma sem fronteira com a dor
corpo na escravidão aberto ao tempo
Pátria - um cemitério de interesses!
A nossa luta...
é a história
do poder do silêncio!
"A poesia é o eco da melodia do universo no coração dos humanos." Rabindranath Tagore
27.1.08
Povo sem voz
Fernando Echevarría (poeta timorense)