Não!
Não me chamem poeta... porque
aquele de barriga grande
cheia de nada
Tem poema no corpo
Não!
Não me chamem poeta... porque
aqueles olhos perdidos de desespero
cara de criança sem infância
Tem poema no rosto
Não!
Não me chamem poeta... porque
aqueles pés descalços
que caminham léguas de esperança
na ânsia de sobreviver
Tem poema na alma
Não!
Não me sinto poeta...porque
aquele que na tabanca
com engenhos de trapos faz brinquedos a
toda sua vida
são poemas
dedicados a quem nunca os lê
Carlos Edmilson Vieira (poeta guineense)