28.4.08

Já não é...


Já não é a noite que promete algum desejo
e o amanhecer não reflecte mais quimeras

no olhar.

Aquilo que era sol em cada verso
são os caídos,

é a queda

de cada pedra companheira

movida ainda sabe-se lá por que impulsão
após a morte!

As palavras que prometem
vêm depois que silvam balas
e a decisão dos homens.

Restamos nós rochedos brutos da montanha

face voltada ao amanhã que sempre nos guiou.

Cairemos não importa.

Nós somos o carvão da luz futura.

Costa Andrade (poeta angolano)