28.4.08


Lobo Calabouço e Crown Mines


Uma vez era um lobo
disfarçado nas pupilas de um homem
com música de rins palpitando harpas
changanas nos flancos das raparigas
sem elas darem por isso na técnica
rural da sua cidadania aonde uma corja
de garras ao natural indo e vindo
no prenúncio mágico das mãos hasteadas
nos vagões da South African Railway
com restos de pés nos pedais das bicicletas
a todo o urânio da Crown Mines rápidas
e persuasivas no melaço das vozes
National nos rádios de aldeia em aldeia
retransmitindo os nervos
de cadeia em cadeia.

Mais um minuto magaízas
não se acidentem agora por favor
que uma libra de gritos na porta mortal
da sua casa de oiro algema o mineiro
e de repente leva-o no seu calabouço
alvo de pernas por meia-dúzia de xelins.

Sóum minuto mais magaízas
só um minuto mais magaízas enquanto volta
da Eloff Street o poeta com chapéu de plástico
uma velha perna boa e uma nova de madeira
exibindo um rádio portátil a tiracolo
para acabar de vez este poema!


José Craveirinha