19.4.08


Maria da Luz


Maria da Luz, ou só Daluz
Filha primogénita
da lua cheia,
território privilegiado do Amor...
Quando ao sol se fez o obscuro avião
perfeito era teu sonho. Certa, a tua morte.

Melhor fora que não fosses
a anunciação que eu quisera,
pois, agora, só nos sobra
a tresmalhada primavera.

Tão se súbito caída
em decúbito dorsal.
Ninguém não vai sem ficar.
Sem morrer ninguém ressurge.
O regresso não prescinde
da partida inaugural.
Tu és.

Silenciosa morada da saudade.

Perfeita a tua morte.
Perfeito o obscuro avião.
A tua sorte é que não.


Gabriel Mariano (poeta caboverdiano)