diz-me sempre a tua boca
depois do mais que me dera
o que vem é coisa pouca
Olha o Verão que já não tarda
diz-me à tarde o teu peito
por mais frutos que ele traga
não há nenhum tão perfeito
Oiço os passos do Outono
dizem-me à noite os teus braços
o que mais ambiciono
é ouvir só os teus passos
O Inverno há-de chegar
diz-me à noite a tua mão
quanto mais a mão esfriar
mais calor no coração
E dia a dia por nós
passam as quatro estações
têm sempre a tua voz
eu respondo-lhes depois
David Mourão-Ferreira