Passageiros, formo como que um diagrama
entre o céu tremido e o jornal que a trepidação
do trem sacode
em minhas mãos.
A paisagem me vem oferecer seus buquês
roxos e cor de ouro
mas foge, arrependida.
Vistos, de longe, de passagem,
todos os rostos são amigos, são iguais.
Só que depois, em minha memória,
que estará rolando ainda esta paisagem
impressa em mim, à minha saudade
como um quadro à parede.
O possível desastre
faz cantar, como uma carretilha ao meu ouvido,
o pássaro do adeus.
O trem de ferro desloca o sentido das coisas.
Viajam as palavras.
Cassiano Ricardo (Brasil)