Trazida à cozinha pela fome da insónia
essa mulher que chora cavalga os saltos altos
alheia nua à dimensão que tem
quando atravessa a sala e impõe o aprumo
da carne e a força do porte que ostenta.
Quando lhe vi assim de madrugada
nua e sentada
bebendo o leite e a chorar à toa
disse para mim, já dado:
- à noite, sempre, é quando mais magoa
Ruy Duarte de Carvalho (Angola)