8.3.10

Não sei se saberei descrever



Não sei se saberei descrever
o vício das mãos.
Sei, amor, que das asas dos pássaros
tiraste o entendimento e
pelo desejo ardendo no sentido da pele
reabres essa flor que os espantos floresce.
Absorvida em ti, me consumo no ritmo lento
de esperar a consumação dos dedos
na fogueira que o amor descreve.

Entras pelas mãos no meu vício
e nele ficamos os dois retidos
na mesma insinuação.
Nada mais nos sobra que a memória
desse instante:
Consumidos de sóis ardentes,
reapoderando-nos das luzes tácteis
que o coração das sombras nos permite.


Bernardete Costa