Os sonhos fedem à chuva
e os braços apodrecem
à beira dos súbitos charcos
e do frágil tornozelo dos subúrbios
Inexauríveis
os sonhos fedem
ante a nua ossatura
dos casebres
sitiando a cidade
e a sua enxuta
e antiquíssima idade
Os sonhos fedem
no aglomerado de pedras anónimas
acocoradas de desânimo
ante o jejum dos dias
e a fútil passagem dos meses
Os sonhos fedem à chuva
e eis-nos
de órbitas alagadas
sem saber o que fazer
da turva humidade
dos dias enclausurados
que com os sonhos
padecem fenecem…
José Luís Hopffer Almada
Cabo Verde
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