Falta-me fazer o poema de amor
Consciente,
Sentindo os pés bem firmes na terra
E o sexo como a semente
Que promete em breve ser uma flor.
Falta-me fazê-lo
E mandá-lo à noite
Quando o corpo dela nu
Se mirar nos vidros da janela
Fugindo das roupas que o prendem.
Depois colher a flor
Como a ave que leva no bico
Uma palha para o ninho,
Ou como o viajante sequioso
Que bebe na fonte do caminho...
António Cardoso (poeta angolano)