Se a montanha hoje tremer,
nada receies,
aproxima o teu ouvido do chão de musgo,
escuta a conversa das pedras,
esse marulhar, que te ensinaram ser sinistro.
A terra é um deus antigo de longas capas,
um pai silencioso na espera ao filho pródigo,
que um dia, bateu a porta e fugiu.
Não há vingança,
nas árvores derrubadas à passagem de Moisés,
nas garras estendidas sobre o mar,
onde os marinheiros, sonharam o Bojador,
serão sempre magnânimos, todos os seus actos...
Se a terra tremer, não te inquietes pois,
abre os olhos ao fulgor que salta do vulcão,
é esse deus velhinho,
que abre os braços e exclama:
Vem meu filho,
preparei-te um novo leito,
chegou a hora de regressares ao lar!
Helena Figueiredo