Nasci
com os meus lubambos*
no pescoço
Ninguém me contou
ainda os sinto.
São eles
que me fazem sofrer
os sofrimentos da erva tenra
sob as botas
velar a insônia das sementes
e cantar as lavras em bandeira
São eles
que me juntam
a quem se aquece na fogueira
e me arrastam
na mesma esteira do povo.
Nasci
com os meus lubambos
no pescoço
Não ando só
e sou sempre novo.
*LUBAMBU – grilhão, correntes.
Arnaldo Santos (poeta angolano)