20.6.09



Nasci
com os meus lubambos*
no pescoço
Ninguém me contou
ainda os sinto.

São eles
que me fazem sofrer
os sofrimentos da erva tenra

sob as botas

velar a insônia das sementes
e cantar as lavras em bandeira

São eles
que me juntam
a quem se aquece na fogueira
e me arrastam
na mesma esteira do povo.

Nasci
com os meus lubambos
no pescoço
Não ando só
e sou sempre novo.



*LUBAMBU – grilhão, correntes.


Arnaldo Santos (poeta angolano)