Passei a vida a servir
os meus dias passei-os a chorar
no meu mundo
meu inferno.
Os braços trabalhando
para um mundo alheio
os meus dedos musicando
para o mundo alheio
Meu mundo
meu inferno.
E ainda choro hoje
mas de vergonha
de pejo
por ter vivido num mundo inferno
sem ter tido ao menos alma para morrer
Agostinho Neto (Angola)