Nada que tive era meu.
Perdi estradas,perdi leito.
Na pedra onde me deito
Nada fala de alvos linhos.
Se,com cegos,me aventuro,
A caminhar rente aos muros,
É que meus olhos impuros
Sonham Cristo nos caminhos.
Nada que tive era meu
E o corpo não quero eu.
Podia servir de embalo,
Mas serve de sepultura.
Cemitério de asas finas,
Tange e plange aladas crinas,
Canto de praias sulinas
De infinitas amarguras...
Natércia Freire