29.5.10

Menino de bairro de zinco



Menino de bairro de zinco
Amigo da aldeia de palha
Sobe o cajueiro menino
Que a tua mãe não ralha
Menino de bairro de zinco

Com bolas de trapo e cordel
Carrinhos de arame e cana
Baloiços na mangeira
E as construções de lama
Menino de bairro de zinco

Menino filho da guerra
Nos jardins de canaviais
Corre, corre menino
Que o mato nunca é demais
Menino de bairro de zinco

Trazes um sorriso de Havana
E os olhos negros de Bombaim
Um poema de Lisboa
O meu Ìndico é assim

De dia o sol te transpira
À noite a lua te bronzeia
Corre corre menino
Que na aldeia já há fogueira
Menino de bairro de zinco

Há fogueira e batucada
P'ra teu corpo temperar
Depois, adormeces na esteira
Até amanhã o sol raiar
Menino de bairro de zinco

Gonzaga Coutinho