Que triste que era não ser triste nunca
Andar à chuva como deve andar
quem por ela se molha e nela estuda,
pensando dela o que pensado esta.
Ou passeando ao sol do mesmo modo.
Como se andar por ele andasse em si,
nem triste nem alegre, mas só como
ao sol a que anda e que se move ali.
Com, evidentemente, a consciência
de passar no relevo dessa imagem
como se passa pela indiferença
de se saber um ponto na paisagem.
E de saber que nunca houve tristeza,
nem ser triste foi triste, mas passagem.
Fernando Echavarria (poeta timorense)