21.1.08

A passagem dos dias


Se, com o tempo, perco e encontro o que é
igual e diferente, perdendo o igual no que
é presente e vendo a diferença no passado
da presença, ao tempo dou o mesmo que

penso no que foi pensado sem viver,
vivendo agora o pensamento que não
tive, como vento que por aqui passou

e tudo na mesma deixou: árvore seca

cujo ramo vive, flor amarga num azul
de céu, ribeiro que a margem prende,
ave pousada num fio d
e silêncio. Assim,

ao tempo restituo o que é dele, e tudo
o que é dele o tempo me dá, igual e
diferente, com o seu fruto amplo e mudo


Nuno Júdice