Não sei nunca se é isto exactamente
o que chamam amor - esta vontade
de imaginar assim a força que há-de
tornar-nos mais felizes de repente
ou infelizes, tanto faz; a ardente
promessa de um saber que nos invade
e nos deixa sem nome nem idade
à espera de uma imagem que nos mente
na certeza de tudo o que se entrega
à nossa alma com uma luz que cega
todas as circunstâncias, uma a uma,
até se transformar na fantasia
que rouba o dia à noite, a noite ao dia,
e vai morrer algures, desfeita em espuma.
Fernando Pinto do Amaral