23.1.08

A bela flor azul


Quem saberá «signora» onde terá nascido esse belo lírio branco?

Velha comédia italiana

Eu não sou o fatal e triste Baudelaire,
Mas analiso o Sol e decomponho as rosas,
As rijas e imperiais dálias gloriosas,
– E o lírio que parece o seio da mulher.

Tudo o que existe ou foi, morre para nascer.
Na campa dão-se bem as plantas graciosas.
E um dia, na floresta harmónica das Cousas,
Quem sabe o que serei, quando deixar de ser!

A Morte sai da Vida – a Vida que é um sonho!
A flor da podridão, o belo do medonho,
E a todos cobrirá o místico cipreste!...

E, ó minha Esfinge, a flor pálida e azul no meio,
Que ontem tinhas no baile e que trouxeste ao seio,
– Levantei-a dum chão onde passara a Peste.

Gomes Leal