Reparo o amor com virtude de um pássaro
que quer voar em direcção
à larga linha do horizonte,
com tanta gente aqui neste país que o anuncia
e o desperdiça a feri-lo em disputa,
a magoá-lo, a alvejá-lo,
quando o mesmo pode ser uma dilecta criação do peito
Um amor, por si só, vale tanto,
vale mais que nada, vale tanto como a vida,
exprime a cor da sua sede,
ao alto dois pássaros a voar.
O amor não merece as pedras
que todos os dias o atiramos.
Invés de acusares a inconsciência que o invocas
se amas, e não te correspondem,
desde já não uses travões nem borracha.
Pelo contrário,
desse pouco lucro que te dão as estrelas
contenta-te até,
que o amor é assim mesmo,
sempre a transportar a dor ao âmago.
Adelino Timóteo
Moçambique
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