Abandono-te todas as noites,
Troco-te pelos outros,
Por mim
Ou pelo simples sono que me enganou
Desde criança.
Deixo-te ficar tantas vezes à luz duma velha lua
De queixo retorcido e rainha das bruxas
E em lugares frequentados por cães que defecam
Com o mudo amor dos donos
Sigilosamente
À trela.
Não devias esperar.
Este amor não é feito de sangue, a minha alma não anda
nessa rua deserta,
Nem vai, pé ante pé, contemplar o teu rosto,
Deitar-se em seguida sobre o teu corpo gelado
E limpar-te os olhos do frio
De uma madrugada Impudica.
Armando Silva Carvalho