De saudades vou morrendo
E na morte vou pensando;
Meu amor, por que partiste
sem me dizer até quando?
Na minha boca tão triste
Ó alegrias, cantai!
Mas quem acode ao que eu digo?
– Enchei-vos d'água, meus olhos,
Enchei-vos d'água, chorai!
Ó meu tesoiro! por quem
Padece meu coração dolorido
– Que linda noite aí vem!...
A tua carta,
Mil vezes a tenho lido.
Nunca me troques por outro,
Não me enganes – vida minha!
Sofro tanto!
A quem contarei meus males,
Negros males tristes queixas,
Se tu me deixas?
António Botto