Sol, pássaros voando, seara madura...
Este, o poema interrompido.
Só os dias a fio que o não são:
Tempo retido
Como água podre no charco;
Gritos e sangue escorrendo
Como linha de formigueiro
No chão encardido,
Amassando
Pontas de cigarro, vómitos, dentes partidos.
Nem dia nem noite:
Apenas a janela entaipada
(Lá fora a promessa das quatro estações),
E a porta que de súbito se abre,
Guinchando como pássaro agoirento.
O resto, como ressaca distante ou búzio,
São as pancadas surdas, sábias, sádicas,
Como tiquetaque de relógio
Marcando não sei que hora...
Ou se a hora!
Tomaz Kim
Angola
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