Dois poemas das redes
I
Do polegar que faz o passo
Do rumo imóvel
As redes crescem
Também de mim e dos meus rumos
as redes entrelaço.
E as malhas
nascem dos nossos dedos
Prisões de frutos
Que o mar nos nega.
II
A lavra do mar era grande
Mas as malhas
Não tinham a largura dos seus grãos
Colhiam corpos
que vinham à tona de um sonho hebo.
Quando as mabangas
prenderam os pés das redes na lama do mar
então
As redes d’água sentiram
a espessura dos seus cabelos crespos.
Arnaldo Santos (poeta angolano)