9.2.10

Adoeço, peno e morro


Adoeço, peno e morro
quando em ti.

Salteaste-me as defesas.
A sentinela abateste no seu posto.
Puseste fogo na tulha e nas adegas,
condenaste-me ao sono.
Derramaste por acinte
o azeite que restava na candeia.

Exiges
a minha face oculta atrás das mãos
perpetuamente.

Como se eu, digamos, fosse um cão
e como se abrir-te as portas da cidade
fosse um festim
de ossos sobre seda, que o cão
devesse agradecer.


A.M. Pires Cabral