Mas há uma saída? Imagina
na insónia as florestas que crescem
a essas horas noutras regiões, os comboios
que as atravessam para alcançar um destino
no futuro dos outros.
Há uma saída? Imagina
a noite cheia de cidades violentas,
o retumbar das máquinas nos subterrâneos
e a chuva a cair no plástico negro
dos morangais, todo o sofrimento
e incerteza do mundo.
E da manhã, repara, está bonito
o tempo. Os amigos acordam no quarto ao lado,
descem à cozinha para fazer o café.
Mas há uma saída?
Rui Pires de Cabral