Rosa.
Chamam-te Rosa, minha preta formosa,
E na tua negrura
Teus dentes se mostram sorrindo.
Teu corpo baloiça, caminhas dançando,
Minha preta formosa, lasciva e ridente
Vais cheia de vida, vais cheia de esperança
Em teu corpo correndo a seiva da vida
Tuas carnes gritando
E teus lábios sorrindo...
Mas temo a tua sorte na vida que vives,
Na vida que temos..
Amanhã terás filhos, minha preta formosa
E varizes nas pernas e dores no corpo;
Minha preta formosa já não serás Rosa,
Serás uma negra sem vida e sofrente,
Serás uma negra
E eu temo a sua sorte.
Minha preta formosa não temo a tua sorte,
Que a vida que vives não tarda a findar...
Minha preta formosa, amanhã terás filhos
Mas também amanhã...
... amanhã terás vida!
Amílcar Cabral (poeta guineense)