Poemar
fui à escrita
poemar
um flirt com a poesia
uma paixão gerada em sílabas
prenhes de ternura
o corpo não cede ao fogo
resta a poesia
e sou mais eu em ti
no presságio a palavra
palavra, que lavra
em safras de ardoamor
apocalipse de corpos
em procissão de amor
no lusco-fusco do crepúsculo
me encontro
vejo o fogo
nascer do iceberg
do teu corpo-mármore
a poesia ocorre
em plasmas de amor
vem com o calor-vermelho
que invade o corpo em corpo
em cortinas de suor
e fleuma do teu corpo
libertando ternura sonegada
em suspiros de madrugada morena
que pétalas de feitiço-crioulo
acalentam em seivas de amor
Tony Tcheca (poeta guineense)