Desde que o mundo
A terra está ficando toda de sangue
toda de sangue
e mil olhos nos olham de lá do fundo
Cada corola que rompe vem cheia de sangue
cheia de sangue
e traz no centro um olho duro
As faces, as faces, as faces quietas
que eram de carne e são de terra
e os dentes, os dentes, os dentes dispersos
por entre de dentro no meio das pedras
E orelhas, orelhas, deitadas escutando
escutando esperando escutando esperando
os passos e o pulso e as vozes e o fumo
e o vento e a chuva e o rodar do mundo
E comendo a fome de sangue da terra
entre ossos e pele
entre ossos e pele
gusanos, gusanos, gusanos, gusanos
repartindo tudo
Glória de Sant'Anna