Não me quero com o tempo nem com a moda,
olho como um deus para tudo de alto,
mas, zás! do motor corpo o mau ressalto
me faz a todo o passo errar a coda.
Porque envelheço, adoeço, esqueço
qanto a vida é gesto e amor é foda;
diferente me concebo e só do avesso
o formato mulher se me acomoda.
E, se nave vier do fundo espaço
cedo raptar-me, assassinar-me, cedo:
logo me leve, subirei sem medo
à cena do mais árduo e do mais escasso.
Um poema deixo, ao retardador:
meia palavra a bom entendedor.
Luíza Neto Jorge