Em louvor das gaivotas
Enquanto leio sonolento um romance
de Camilo, um vento
desabrido e alegre varre as dunas.
Leva consigo toldos, roupas, crianças.
Quando mais tarde a luz,
esta tão leve luz meridional
regressa, já as gaivotas
são senhoras das areias
e, minuciosas, de maneira exemplar,
destroem tudo quanto é ainda
a mal cheirosa memória humana,
numa espécie de paixão -
digo-vos
Eugénio de Andrade