Sonho absurdo
Dia de chuva na cidade
triste como não haver liberdade.
Dia infeliz
com varões de água
a fecharem o mundo numa prisão.
E alguém a meu lado com voz múrmura que diz:
«está a cair pão.»
Ah! que vontade de gritar àquela criança seminua
em pão nem sol de roupa:
«Eh! pequena! Deita-te na rua
e abre a boca...»
(Dia em que urdo
este sonho absurdo).
José Gomes Ferreira