30.12.07


O ponto de partida


Será este o ponto de partida, obscuridade incerta

e sobre o fundo sombrio da morte? A esperança

nascerá deste branco vazio e desta mão de cinza?

O viajante entrou num barco ou numa árvore

que o soergue, ainda hesitante, na imensidade

de uma sombra de astro. Ele aproxima-se

de formas vagas, de espelhos entre pedras,

e junto a um muro sob as estrelas

uma figura de orvalho descalça sobre as ervas.

Tudo flutua ainda, dentro da poeira azul

e púrpura e tudo está esparso e reunido

como na primeira consciência deste mundo

tão longínquo e tão presente como se o sol fosse um perfume

que da montanha descesse sobre as palavras ditas.

António Ramos Rosa