31.12.07

Ao passar pelo ribeiro


Ao passar pelo ribeiro
Onde às vezes me debruço
Fitou-me alguém corpo inteiro
Dobrado como um soluço

Pupilas negras tão lassas
Raízes iguais às minhas
Meu amor quando me enlaças
Por ventura as adivinhas
Meu amor quando me enlaças

Que palidez nesse rosto
Sob o lençol de luar
Tal e qual quem ao sol posto
Estivera a agonizar
Deram-me então por conselho
Tirar de mim o sentido
Mas depois vendo-me ao espelho

Cuidei que tinha morrido
Cuidei que tinha morrido


Pedro Homem de Melo