Povo adormecido
que o meu povo não canta
Há chuvas
que o meu povo não ri
Perdeu a alma
na parede alta do macaréu
Fala calado
e canta magoado
Vinga-se no tambor
na palma e no caju
mas o ritmo não sai
Dobra-se sob o sikó
como o guerreiro vergado
cala o sofrimento no peito
O meu povo
chora no canto
canta no choro
e fala na garganta do bombolon
Grei silêncio
quebrado
nas gargalhadas de Kussilintra
em quedas de água
moldando pedras
esfriando corpos
esculpidos
no corpo do bissilão.
Tony Tcheca (poeta guineense)